7.17.2007

À semelhança dos homens, os animais não parecem importar-se com os rostos que os cercam. Não se importam decerto, pois a minima semelhança com eles próprios indica-lhes que estão perante um da mesma espécie, e por isso, quando se olham, se farejam, a sua forma de comunição passa muito mais pelos sinais intuitivos, ao nível até do que nâo se vê, mas sente, cheira...
Os homens de hoje, digo eu, não se olham também, talvez a maior parte nem sinta nada na presença de um semelhante, apenas se vêem, trocam palavras, monossílabos, e assim se rodeiam, nos rodeamos, de figuras muito pouco interessantes. algumas pessoas dizem coisas sem sentido e outras com alguma lógica, mas a maior parte, nada diz que não tenha sido já dito, e o pior, o que me levava a não sair de casa por nada deste mundo noutros tempos, sem a "minha" música nos ouvidos, pois era o meu escape para encarar autocarros apinhados e metros apertados, são as palavras desperdiçadas. e por vezes estas ferem-nos, mesmo quando não nos são dirigidas com esse propósito, de tal forma são elas arremessadas, proferidas, vomitadas, a ponto do silêncio gritar por um segundo de paz...
Há quem chore nos autocarros. Eu por principio tento evitá-lo até certos dias em que me perguntam como correu o meu dia e não tenho como não desabar. vou valorizar mais as palavras a partir de agora. e o silêncio também. algures entre ele e as palavras tolas que desperdiçamos, está o sentido perdido de sermos ou de termos sido, seres falantes.

1 comment:

CPrice said...

nunca deixes de o fazer .. mesmo com palavras tolas ou silêncios impostos ..